O Amazonas,famoso por sua rica biodiversidade e florestas tropicais,está se aventurando em uma nova fronteira agrícola: o cultivo de café. Embora a produção cafeeira não faça parte da tradição histórica do estado, as autoridades locais vislumbram um futuro promissor para essa cultura, desde que sejam implementadas estratégias eficazes para evitar os erros cometidos em ciclos econômicos anteriores.
Daniel Borges, titular da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), compartilha detalhes sobre as iniciativas em andamento na região. A cafeicultura no Amazonas está sendo estruturada com a adoção de tecnologias inovadoras e o cultivo de café clonal. além disso, há um esforço significativo para recuperar áreas degradadas e integrá-las ao sistema produtivo, criando novas oportunidades de renda para agricultores familiares.
Atualmente, 12 municípios participam do Projeto Prioritário desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM).Os municípios que se destacam nesse projeto incluem Humaitá e Apuí no sul do estado, além de São Sebastião do Uatumã, Silves e Rio Preto da Eva.
Embora não existam parcerias técnicas com estados tradicionalmente conhecidos pela produção cafeeira como Minas Gerais — devido às diferenças nas condições climáticas necessárias para o cultivo das variedades mais comuns — Borges menciona que há colaborações comerciais com empresas desses estados que operam no Amazonas. Essas empresas compram a produção local; um exemplo é a 3 Corações.
A altitude relativamente baixa da região amazônica (entre 150 e 300 metros acima do nível do mar) é ideal para cultivar variedades como Conilon e Robusta. Estima-se que mais de dois mil agricultores familiares possam ser envolvidos nesse novo ciclo produtivo, gerando empregos diretos para cerca de oito mil pessoas nas plantações e indústrias relacionadas ao beneficiamento.
As mudas utilizadas são adaptadas à realidade local; os clones recomendados pela Embrapa foram desenvolvidos especificamente para resistir às condições climáticas da Amazônia. Esses clones robustos apresentam alta tolerância à umidade elevada e são adequados a solos ácidos típicos da região.O processo crítico de beneficiamento também está sendo abordado pelo governo estadual através das associações rurais organizadas.Os produtores têm recebido apoio na aquisição dos equipamentos necessários por meio de emendas parlamentares. Além disso, linhas especiais de crédito estão disponíveis através da Agência Financeira Estadual do Amazonas (AFEAM).
A visão futura não se limita apenas à diversificação agrícola familiar; busca-se criar novos arranjos produtivos regionais integrados com tecnologias sustentáveis que promovem o desenvolvimento socioeconômico local.
Nos últimos anos, o estado tem apostado na bioeconomia como uma alternativa viável além dos produtos tradicionais associados à Zona Franca. O uso sustentável dos recursos florestais tem ganhado destaque nos mercados nacional e internacional com produtos como castanha-do-pará, óleos essenciais entre outros itens extrativistas.
Para fortalecer ainda mais a agricultura familiar no interior amazonense estão sendo implementadas diversas políticas públicas voltadas ao acesso aos mercados locais bem como melhorias na infraestrutura rural necessária ao escoamento das produções agrícolas.
Por fim, Daniel Borges destaca os desafios enfrentados pelo setor primário no estado: questões relacionadas à legislação ambiental rigorosa precisam ser adequadamente atendidas enquanto melhorias nas estradas vicinais são essenciais para garantir eficiência logística no transporte dos produtos agrícolas até os centros consumidores.
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