domingo, dezembro 28, 2025
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Instituições alertam para aumento de gravidezes em meninas com PL do aborto

Entre 1º de janeiro e 13‍ de maio deste ano,​ foram registradas 7.887 denúncias‍ de estupro de vulnerável no serviço Disque Direitos Humanos (disque 100). A média diária nos primeiros 134 dias foi‌ de aproximadamente 60 casos, o que equivale a dois registros por hora, segundo dados da⁢ Agência Brasil. Esses números preocupam ainda mais diante ⁢da possível aprovação‍ do Projeto de Lei⁤ (PL) 1.904/2024, que pode agravar a situação das vítimas e aumentar os‍ casos de gravidez indesejada entre crianças ⁢e adolescentes em‌ situação vulnerável.

Projeto ‍de Lei 1.904/2024: punições mais severas para aborto após 22⁣ semanas

O PL,proposto ‍por um grupo de 32 deputados federais,equipara o aborto ao‌ crime ‌de homicídio e prevê penas que ⁢variam entre seis e vinte anos para meninas ⁣e mulheres que realizarem o procedimento após a vigésima segunda semana gestacional – mesmo quando vítimas de estupro. Essa punição ultrapassa até ‌mesmo as previstas para ⁢quem comete estupro contra vulnerável, ⁣cuja reclusão varia entre⁢ oito e quinze ⁢anos. Atualmente, a legislação brasileira não estabelece um limite máximo para interrupção legal da gravidez.

Retrocesso inconstitucional segundo entidades

O Conselho Nacional dos⁣ Direitos da ‍Criança ‍e ‌do Adolescente (Conanda) considera ⁢o projeto inconstitucional por​ violar tanto o​ Estatuto da Criança e do Adolescente quanto normas internacionais assinadas pelo Brasil. Em nota ⁤oficial, destaca-se que essa proposta representa um retrocesso nos ⁢direitos reprodutivos das crianças e adolescentes além da proteção às vítimas ‍de violência⁢ sexual.A ministra das ⁢Mulheres, Cida Gonçalves, reforça esse alerta ⁣ao ⁣lembrar que ‌as principais vítimas são meninas menores de quatorze anos abusadas dentro​ do próprio ambiente familiar⁢ – pais, avôs ou tios – justamente aquelas‍ com maior necessidade do acesso ao aborto legal garantido pela legislação desde 1940.

Impactos sociais: maternidade forçada em meninas vulneráveis

Em média diária no país,‌ cerca de ⁢ 38 ⁣meninas com até quatorze anos tornam-se mães,‍ totalizando mais de catorze mil‌ gestações nessa faixa etária ​em ‌dados recentes do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Cida Gonçalves:

“O Brasil​ delega a ⁤maternidade forçada ‍a‍ essas meninas vítimas de estupro”, comprometendo seu futuro social e econômico além dos danos ⁣físicos e psicológicos causados pela gestação⁣ precoce.

A advogada Juliana Ribeiro Brandão ressalta ainda:

“Estamos ​institucionalizando uma barbárie ​ao deixar cada pessoa agir conforme suas possibilidades⁢ diante dessa situação criminosa sem resposta efetiva do Estado.”

Recorte racial nas estatísticas

De acordo⁤ com o Anuário ​Brasileiro Segurança Pública divulgado pelo Fórum Brasileiro Segurança Pública (FBSP), em 2022:

  • 56,8% das vítimas⁤ eram pretas ou pardas
  • 42,3% brancas
  • Pequena parcela indígena (0,5%)⁢ ou amarela (0,4%) ‍

Esse⁤ dado evidencia também ‌um viés racial na questão abordada pelo PL.⁢ A pesquisadora Juliana Ribeiro Brandão observa ⁢que quem tem condições​ financeiras pode recorrer​ a⁢ abortos seguros‍ fora⁤ do país ou⁣ clandestinos no Brasil – algo inacessível à maioria das mulheres negras pobres ​afetadas diretamente pela proposta.

Críticas‌ jurídicas à proposta

especialista em direitos ‌infantojuvenis Ariel De‌ Castro Alves classifica o PL como uma verdadeira aberração jurídica. Ele defende melhorias urgentes ⁢no atendimento social psicológico ​policial judicial às mulheres grávidas devido ‌a estupros⁣ ou ⁤riscos graves⁣ à saúde materna/fetal.

Ele ⁤explica ainda que‌ atrasos na realização dos procedimentos legais muitas vezes⁣ ocorrem não por vontade própria​ das vítimas‌ mas devido⁣ à pressão dos agressores; burocracia nos serviços públicos; além da resistência moral/religiosa presente tanto entre profissionais quanto familiares dessas mulheres.

Contexto ⁤político acelerando tramitação

Para jolúzia Batista , articuladora política do Centro Feminista Estudos Assessoria ​(Cfemea), trata-se claramente “de‌ uma ‍tragédia” impulsionada por ⁤interesses políticos-eleitorais ligados às eleições municipais ​deste ano⁣ bem como à sucessão na ‌Mesa ​Diretora ‍Câmara⁤ Deputados prevista para⁣ fevereiro próximo.

A votação simbólica acelerada foi determinada pelo presidente Arthur ‍Lira , sem passar pelas comissões responsáveis nem permitir debate público amplo – atitude⁤ criticada duramente pelo movimento Me Too Brasil como golpe aos direitos fundamentais femininos infantojuvenis .

Dados alarmantes sobre violência ⁣sexual ‌no Brasil

Segundo publicação FBSP , ‌três quartos dos ⁢estupros registrados envolvem ​pessoas incapazes consentir – seja pela⁤ idade inferior aos quatorze anos ou outras condições físicas/mentais . O Instituto Pesquisa Econômica Aplicada estima ​apenas cerca oito vírgula⁣ cinco porcento desses crimes são formalmente denunciados , projetando ocorrências anuais reais próximas a ​oitocentos vinte dois mil casos . Mantendo essa proporção , haveria ⁢mais seiscentos dezesseis mil situações envolvendo‌ vulneráveis anualmente ⁤.


Diante desse cenário preocupante ⁤é essential acompanhar atentamente os desdobramentos legislativos relacionados ao tema para⁢ garantir proteção ⁣efetiva às crianças brasileiras especialmente as residentes no Amazonas ​.

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