Pesquisas de boca de urna do segundo turno das eleições legislativas na França indicam que a nova Frente Popular (NFP), uma coligação formada por partidos de esquerda, teria conquistado o maior número de cadeiras no Parlamento francês.Apesar disso,nenhuma força política alcançaria a maioria absoluta,o que aponta para um cenário político fragmentado e polarizado. A votação contou com a maior participação popular em mais de quatro décadas.
Nova Frente Popular lidera, mas sem maioria absoluta
O Parlamento da França é composto por 577 deputados, sendo necessário obter pelo menos 289 cadeiras para garantir a maioria absoluta. Segundo as projeções divulgadas pela rede estatal de TV e outros canais franceses, a NFP aparece como o grupo com mais assentos conquistados. No entanto, essa vantagem não é suficiente para formar um governo estável sem alianças.
A coligação do presidente Emmanuel Macron,chamada Ensemble! (Juntos),ficou em segundo lugar nas estimativas eleitorais. O partido Reunião Nacional (RN), da direita radical liderada por Marine Le Pen, aparece em terceiro lugar após ter obtido uma vitória histórica no primeiro turno realizado em 30 de junho.
Estratégia eleitoral e polarização histórica
para impedir que o Reunião Nacional assumisse o controle do Parlamento, centristas e esquerdistas adotaram uma estratégia conjunta inédita: retiraram mais de 200 candidatos para concentrar os votos nos concorrentes com maiores chances contra Le Pen. Em muitos distritos eleitorais onde havia três candidatos – um da direita radical e dois da centro-esquerda – restaram apenas dois nomes na disputa final.
Esse movimento visou evitar dispersão dos votos e garantir que os eleitores escolhessem uma alternativa unificada contra o RN. Diferentemente do Brasil e outros países latino-americanos, as eleições legislativas francesas são realizadas em dois turnos; para avançar ao segundo turno é preciso obter pelo menos 12,5% dos votos dos eleitores inscritos.
Jean-Luc Mélenchon afirma estar pronto para governar
O líder da Nova Frente Popular e fundador do partido França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, declarou após divulgação das pesquisas que sua coligação está “pronta para governar”. Caso os resultados se confirmem oficialmente nas próximas semanas será considerado surpreendente diante do desempenho histórico obtido pelo RN no primeiro turno.
Jordan Bardella,aliado próximo de Marine Le Pen cotado como possível primeiro-ministro caso seu partido vencesse as eleições legislativas completas afirmou que a aliança entre esquerdistas e macronistas foi “não natural” e “desonrosa”,acusando-a por impedir a vitória do RN nas urnas.
Sistema político francês exige negociações pós-eleitorais
No sistema político francês vigente atualmente o presidente concentra-se principalmente na defesa nacional e política externa enquanto supervisiona órgãos governamentais diversos. Já o premiê tem foco nas questões internas domésticas; normalmente ambos trabalham alinhados quando há maioria parlamentar clara.
Como nenhuma força obteve maioria absoluta conforme as projeções atuais indica-se um período intenso de negociações políticas entre grupos parlamentares antes da formação definitiva do governo federal francês. O atual premiê Gabriel Attal anunciou sua intenção formalizar pedido renúncia nesta segunda-feira diante desse cenário instável.
Composição da Nova Frente Popular
A NFP reúne socialistas tradicionais junto aos ecologistas verdes , comunistas históricos além dos membros da França Insubmissa (LFI) liderada por Mélenchon . Embora esses partidos tenham diferenças ideológicas importantes – inclusive já tendo trocado críticas públicas -, decidiram unir forças visando manter afastada a extrema direita representada pelo Reunião Nacional .
Entre suas principais propostas estão revogar reformas recentes aprovadas sobre Previdência Social e imigração , criar agência especial dedicada à proteção dos imigrantes sem documentação legal , facilitar processos burocráticos relacionados à obtenção de vistos , limitar aumentos abusivos nos preços básicos essenciais devido à crise econômica atual , além aumentar salário mínimo nacional .
Conclusão
As eleições legislativas francesas deste ano revelam um quadro político altamente fragmentado marcado pela polarização extrema entre esquerda unida contra direita radical . A ausência clara de maioria parlamentar exigirá acordos complexos nos próximos meses até definição concreta sobre quem comandará efetivamente as políticas internas francesas .
Acompanhe as atualizações da matéria e outras reportagens relevantes no Portal Notícias do Amazonas e fique sempre bem informado com as notícias de Manaus e região!
