segunda-feira, dezembro 22, 2025
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Notícias do Amazonas – Hepatite Delta preocupa ribeirinhos e autoridades de saúde

Casos ⁣de hepatite Delta entre ribeirinhos no sul do​ Amazonas têm chamado a atenção das autoridades de saúde ⁢e ⁢pesquisadores da‍ Fundação ​Oswaldo Cruz (Fiocruz). Desde junho de 2023, ​uma equipe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia, junto ⁣com profissionais da saúde em Lábrea, município‌ localizado a 706 quilômetros de Manaus, acompanha comunidades ribeirinhas ⁤para diagnosticar e monitorar essa doença silenciosa‌ e agressiva. Segundo dados locais,⁣ cerca de 1.400 casos foram notificados na ⁣cidade, mas apenas 140 pacientes estão ​em acompanhamento clínico.

Hepatite Delta: um desafio⁣ para o⁤ Amazonas

A hepatite⁣ Delta ‍ é considerada o ⁣tipo mais agressivo entre ‌as hepatites⁤ virais. Ela pode⁣ não apresentar sintomas iniciais⁤ e está associada ⁤ao desenvolvimento rápido ⁣de cirrose hepática – ⁤às⁣ vezes em até dois anos após a ⁤infecção – além do⁣ risco aumentado⁤ para ⁤câncer no fígado e morte.Quando os sintomas aparecem, os mais ⁤comuns são ⁣cansaço, tontura, náuseas, vômitos,⁣ febre,​ dor abdominal‌ intensa⁣ e​ icterícia​ (pele e‍ olhos amarelados), acompanhados por urina escura e fezes claras.

De acordo com⁤ o Ministério da Saúde, a principal forma de prevenção é a vacina contra​ hepatite B. A transmissão⁣ ocorre por meio do contato⁢ sexual ‍sem preservativo com pessoas infectadas; transmissão vertical durante gestação ou parto; compartilhamento de seringas⁢ ou outros ⁣materiais usados ⁤para‍ consumo​ de ⁣drogas;‌ uso‍ comum inadequado de objetos pessoais que possam causar cortes como lâminas ou alicates; além dos riscos ⁤associados à tatuagem​ ou colocação inadequada de piercings ⁤sem normas adequadas.

Diagnóstico ‌nas comunidades ribeirinhas

Em Lábrea, pesquisadores visitaram as comunidades⁤ ribeirinhas Várzea Grande e Acimã localizadas ⁣às margens⁣ do Rio‍ Purus. Durante dois dias ⁢foram realizados testes rápidos combinados com exames laboratoriais focados no diagnóstico das hepatites virais – especialmente na detecção da hepatite delta. Dos 113 moradores atendidos nessas localidades remotas, 16 ⁤receberam ⁤diagnóstico positivo para a doença.

As amostras⁢ coletadas são enviadas à Fiocruz Rondônia para processamento⁢ detalhado ⁢por meio⁤ do método molecular desenvolvido pelo próprio laboratório que quantifica o ​vírus HDV⁤ (causador da hepatite ⁢delta). Pacientes⁣ diagnosticados recebem acompanhamento‌ pela equipe local em Lábrea juntamente ‍com suporte​ clínico oferecido pelo Ambulatório especializado em Hepatites ⁢Virais.

Panorama epidemiológico nacional

Segundo o Boletim⁤ Epidemiológico sobre Hepatites Virais divulgado ​em 2023 pelo Ministério da Saúde entre os​ anos 2000 e 2022⁤ foram registrados no Brasil um ‍total de 4.393 casos confirmados ⁣ dessa doença viral rara ⁣porém grave. A região Norte ‌concentra a maior ​parte dos registros (73%), seguida pelas regiões Sudeste‍ (11%), Sul ‍(6%), Nordeste (6%)‌ e Centro-Oeste (3%). Em⁢ 2022 houve registro oficial ‌de ⁣ 108 ​novos diagnósticos,sendo que mais da‌ metade ‍ocorreu na Região Norte.

Testes moleculares:​ avanço necessário

Um dos⁤ principais desafios enfrentados pela rede pública é realizar testes ⁣eficazes capazes não só identificar se ‍houve contato prévio ⁣com o vírus mas também⁢ medir sua ​carga viral ativa no organismo – informação ⁣essencial para definir tratamentos ‌adequados aos pacientes ‌infectados pela⁣ hepatite Delta.

Atualmente os exames disponíveis via Sistema Único⁢ de Saúde⁤ indicam apenas exposição passada ao vírus sem informar se ele⁤ está ativo ou replicando-se dentro do corpo humano. Para suprir essa lacuna técnica foi desenvolvido⁤ pelo Laboratório Molecular da Fiocruz Rondônia um teste ​específico capaz quantificar diretamente⁤ o HDV nos⁤ pacientes atendidos nos estados amazônicos‍ como Rondônia e acre – ⁣tecnologia⁣ ainda não incorporada​ oficialmente⁤ ao⁤ SUS.

Tratamento disponível

Embora não ‍exista cura definitiva contra a hepatite Delta atualmente reconhecida pelos órgãos ⁤oficiais brasileiros​ há⁣ terapias‌ voltadas ao controle dos danos⁢ causados ao fígado ⁣visando ⁢evitar evolução rápida ⁢das complicações graves associadas ⁢à infecção crônica desse vírus⁣ agressivo.

O tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS ⁢incluindo medicamentos específicos aliados à‍ orientação médica rigorosa quanto à abstinência total do consumo alcoólico durante​ todo período assistencial devido aos efeitos ‍nocivos potencializados sobre o órgão comprometido pela doença⁣ viral hepática.

Conclusão ​⁣

Os números⁣ alarmantes revelam uma situação preocupante nas áreas ribeirinhas amazônicas ⁢onde poucos ⁣pacientes recebem acompanhamento adequado⁤ apesar das altas taxas notificadas ‌anualmente. O avanço tecnológico ‍proporcionado pelos testes ⁢moleculares desenvolvidos pela Fiocruz ⁢representa importante passo rumo ao diagnóstico precoce fundamental para melhorar prognósticos futuros ⁤desses indivíduos vulneráveis na região sul do Amazonas.

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