segunda-feira, dezembro 8, 2025
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Notícias do Amazonas – Gastos com shows de artistas nacionais geram polêmica financeira

em meio a um cenário de instabilidade financeira, municípios do interior do Amazonas têm investido milhões em cachês para artistas nacionais. Os valores pagos variam entre R$ 100 mil e podem ultrapassar R$ 1 milhão,gerando questionamentos sobre as prioridades dos gestores públicos diante das necessidades básicas da população. As festas locais, que celebram datas comemorativas ou valorizam produtos regionais, têm atraído grandes nomes da música com altos custos para os cofres municipais.

Investimentos elevados em eventos no interior do amazonas

Ao longo deste ano, diversas cidades amazonenses realizaram festas com atrações musicais de diferentes gêneros que receberam cachês expressivos. Em Maués, a Festa do Guaraná contou com o show de Klessinha, cujo pagamento ficou entre R$ 130 mil e R$ 150 mil.O evento também teve apresentações de Natanzinho Lima e Léo santana, ambos recebendo valores estimados entre R$ 500 mil e R$ 700 mil por apresentação.

Já em Maraã, os festejos realizados em março incluíram Netto Brito (cachê médio entre R$ 150 mil e R$ 260 mil) e a banda regional Rabo de Vaca (com valores que variam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil). Essa última contratação motivou o Ministério Público do Amazonas (MPAM) a abrir uma Ação Civil Pública para avaliar se os gastos foram proporcionais às condições financeiras locais.

Recomendações ministeriais para cancelamento de shows

O Ministério Público também recomendou à Prefeitura de Tefé o cancelamento ou suspensão dos shows da cantora Simone Mendes – cujo cachê varia entre R$ 700 mil e R$ 900 mil – como forma de conter despesas públicas elevadas. Além disso, foram sugeridas suspensões das apresentações dos artistas Pablo (cachê estimado entre R$ 250 mil e R$900mil) e Marcynho Sensação (entreR $100mil eaR $200mil).

Essas medidas visaram evitar um gasto total aproximado de R $2 ,15 milhões, especialmente diante das restrições orçamentárias agravadas pela estiagem na região. É importante destacar que todos os valores mencionados são estimativas médias praticadas no mercado artístico local.

Impactos sociais das decisões sobre gastos públicos

Para o cientista político Helso Ribeiro, as escolhas feitas pelos gestores municipais refletem consequências sociais significativas além dos aspectos administrativos. Ele ressalta que a população enfrenta carências estruturais nas áreas da saúde e educação enquanto observa investimentos elevados em eventos culturais.

Segundo Ribeiro: “A população sofre durante todo o ano por falta recursos básicos mas encara esses eventos como momentos temporáriosde alívio . Isso lembraa expressão ‘pãoecirco’: mesmo na dificuldade ,o povo valoriza quando é entretido pelo prefeito . No entanto ,esse gasto alto não resolve problemas reaise pode até agravar adificuldade depois”.

O especialista defende ainda priorizar artistas locais nos eventos culturais: “Em regiões carentes esse desequilíbrio fica mais evidente . Artistas locais custariam muito menos – muitos nem receberiam10%do valor pago aos nacionais -e esse dinheiro poderia ser investido nas necessidades essenciais”.Legitimidade no uso dos recursos públicos

Helso Ribeiro destaca que gastar verba pública com cultura é legítimo desde que haja bom senso na aplicação desses recursos: “Não se pode deixar um município sem estrutura básica na saúde enquanto se gasta o equivalente à construçãode três unidades básicasem um único show”. Ele alerta também para a percepção distorcida daqueles envolvidos diretamente nos eventos: vendedores ambulantes aprovam as festas sem perceberemque parte desse dinheiro vem dos impostos pagos pelas próprias famílias beneficiadas.

O cientista político reforça ainda a importância da cultura local como alternativa sustentável ao lazer: “Fomentar talentos regionais é uma saída responsável porque garante diversão sem comprometer necessidades fundamentais”.

No contexto amazônico onde grandes festivais são raras oportunidades recreativas em áreas isoladas,o desafio está em equilibrar investimento cultural com atendimento às demandas prioritárias da população municipal .

Conclusão

Os altos gastos com cachês artísticos nos municípios amazonenses evidenciam uma tensão constante entre lazer público e atendimento às demandas básicas como saúde,e ducaçãoeinfraestrutura.Avaliar criteriosamente esses investimentos é fundamentalpara garantir transparência,equidadeeconômicae bem-estar social .

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