quarta-feira, novembro 19, 2025
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ONU critica falhas de segurança e estrutura da COP30 em Belém

Em carta ao governo, ONU cobra solução para problemas de segurança, calor, alagamentos e estrutura precária na conferência climática

A ONU criticou a organização da COP30, conferência sobre mudança climática realizada em Belém (PA), por falhas de infraestrutura e segurança. A entidade também exigiu providências imediatas para resolver os problemas.

Os pedidos foram feitos após manifestantes quase invadirem a área diplomática da conferência, reservada para as negociações oficiais entre países.

O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, enviou uma carta na quarta-feira (12) ao ministro Rui Costa, da Casa Civil, e ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30. O documento lista cinco falhas de segurança e cobra ações imediatas.

“Eu agradeceria se nós pudéssemos receber a confirmação de que as medidas apropriadas de segurança, ressaltadas acima, serão colocadas em prática até o final do dia”, diz o texto.

Stiell também destacou problemas como alagamentos e altas temperaturas dentro do pavilhão onde ocorrem os debates da conferência.

A UNFCCC e a organização da COP30 marcaram uma reunião nesta quinta-feira (13) para discutir as falhas apontadas.

Casa Civil diz que atua para resolver problemas

Procurada, a Casa Civil, responsável pela infraestrutura e logística do evento, afirmou que está atendendo todas as demandas da ONU, incluindo reforço de segurança, melhoria da climatização e correção estrutural.

“Todas as questões vêm sendo tratadas diariamente nos pontos de controle realizados em conjunto com a UNFCCC, garantindo a correção contínua de temas inerentes a um evento dessa dimensão”, diz a nota da pasta.

O governo do Pará, de Helder Barbalho (MDB), também foi copiado no documento, mas não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Meses antes da conferência, negociadores internacionais já haviam enviado uma carta ao governo Lula e a Simon Stiell, pedindo que parte da COP30 fosse transferida para outra cidade. As queixas envolviam altos preços de hospedagem e problemas de infraestrutura na capital paraense.

O presidente Lula manteve a decisão de realizar o evento em Belém e afirmou que isso representava “um ato de coragem”, ressaltando a importância simbólica de sediar a conferência na Amazônia pela primeira vez.

Falhas de segurança e invasão de manifestantes

A segurança da zona azul, área reservada a credenciados e diplomatas, é de responsabilidade da ONU. Já o entorno é controlado pelo governo brasileiro, que decretou uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para atuação das Forças Armadas.

Mesmo assim, na terça-feira (11), manifestantes romperam as barreiras de segurança e chegaram até a entrada do prédio principal, sendo contidos apenas na área de raio-x, por agentes da ONU. Após o episódio, o policiamento foi reforçado na região.

ONU aponta brechas e falta de cooperação do Brasil

Na carta, Stiell expressa “preocupações urgentes” e afirma que houve falhas na entrada e saída de autoridades, além de vulnerabilidades dentro da zona azul.

Ele cita portas e portões de má qualidade, pouca presença de forças de segurança e relata que a Polícia Federal teria sido instruída pela Casa Civil a não intervir na dispersão de manifestantes, o que contrariaria o plano da conferência.

“Isso representa uma séria brecha na estrutura de segurança estabelecida e levanta preocupações significantes sobre a cooperação do país anfitrião com suas obrigações de segurança”, diz o documento.

Estrutura precária, calor e risco de choques elétricos

O documento também menciona altas temperaturas no pavilhão, alagamentos, problemas elétricos e banheiros interditados. Segundo Stiell, o ar-condicionado é insuficiente, e há risco de choques elétricos devido à entrada de água durante as chuvas.

“Mesmo com os custos consideráveis pagos pelas partes por seus escritórios e espaços no pavilhão, as condições entregues em diversos casos estão muito abaixo dos padrões acordados e, em algumas situações, não são adequadas para uso”, diz o texto.

“Esses problemas criaram considerável desconforto e preocupação reputacional nas delegações e participantes”, completa Stiell, cobrando o “profissionalismo, a segurança e a inclusão esperadas de uma conferência das Nações Unidas de importância global”.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

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