Há mais de um mês, os povos indígenas de Mato Grosso enfrentam graves incêndios florestais que atingem cerca de 41 terras indígenas, segundo a federação dos Povos e Organizações Indígenas de mato Grosso (Fepoimt).A situação na Terra Indígena Pimentel barbosa, no leste do estado, é crítica. Crianças Xavante precisaram subir em ocas com garrafas d’água para se proteger das chamas que consumiram a comunidade no início da semana.
Incêndios criminosos e falta de recursos agravam crise
A liderança indígena Mara Barreto Sinhowawe Xavante relatou que o fogo teve origem na aldeia Pimentel, distante da sua comunidade. O incêndio criminoso se espalhou por duas semanas pelo cerrado até alcançar sua aldeia. Segundo Mara, o fogo chegou com força pela manhã, impulsionado pelo vento e uma fuligem intensa que queimou tudo ao redor.
Ela descreveu como jovens e parentes subiram nas ocas segurando garrafinhas pet com água para tentar proteger as casas do avanço das chamas. Apesar do treinamento recente oferecido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente para brigadistas locais, faltam equipamentos adequados para combater os incêndios em um território tão extenso. “Até o brigadista da outra comunidade chegar aqui já estaríamos mortos pelo fogo”, criticou Mara.
Impactos na saúde e no abastecimento
Além dos riscos diretos causados pelas queimadas,os indígenas enfrentam problemas respiratórios devido à fumaça densa. A escassez hídrica também preocupa: há um mês sem água potável dentro da comunidade, eles dependem de um córrego quase seco cuja qualidade é ruim e tem provocado casos de disenteria.
Mara destacou o impacto emocional causado pela destruição ambiental: “Ficamos muito tristes ao ver nossa fauna e flora sendo destruídas criminalmente”. Ela lembrou ainda o sacrifício dos antepassados na defesa do território sagrado onde vivem atualmente.
Agronegócio sob críticas
A liderança indígena responsabilizou as atividades do agronegócio pelo aumento das temperaturas extremas – chegando a quase 50 graus – e pela rápida propagação dos incêndios em Mato Grosso. O estado abriga três biomas importantes: Amazônia, Cerrado e Pantanal.Para Mara, o governo estadual favorece apenas interesses rurais em detrimento dos direitos indígenas.
Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas espaciais (Inpe) indicam 16.746 focos ativos somente em setembro deste ano no estado.
Medidas governamentais contra as queimadas
Em reunião realizada no Palácio do Planalto entre governadores das regiões Centro-Oeste e Norte com ministros federais foi discutido o endurecimento das punições contra crimes ambientais relacionados às queimadas intencionais – apontadas como agravantes da crise atual.
O governador Mauro Mendes afirmou que muitos incêndios foram provocados por ações humanas criminosas ou negligentes neste ano. Ele defendeu penas mais rigorosas para desestimular esses atos prejudiciais à saúde pública e ao meio ambiente local.
O governo federal anunciou liberação financeira superior a R$ 900 milhões destinados aos estados afetados para compra de equipamentos essenciais ao combate aos focos ativos durante uma estiagem histórica no país. Também foi autorizada a atuação da Força Nacional por 90 dias nos estados mais impactados pelos incêndios florestais.
Recursos federais garantidos para combate às emergências ambientais
O ministro Waldez Góes informou que despesas relacionadas à emergência climática estão fora do teto fiscal vigente permitindo apoio financeiro imediato aos entes federativos afetados principalmente nas regiões Amazônia Legal e Pantanal.
Conclusão
os povos indígenas continuam vulneráveis diante dos impactos devastadores causados pelos incêndios florestais em Mato Grosso enquanto aguardam respostas efetivas tanto estaduais quanto federais para conter essa tragédia ambiental crescente.
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