O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (7), durante a Cúpula do Clima em Belém, que conflitos armados como a guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia há quase quatro anos, interromperam o avanço na redução das emissões de gases poluentes e podem levar o planeta a um colapso ambiental. O evento reúne líderes mundiais e antecede a 30ª conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá também em Belém entre 10 e 21 de novembro.
Impactos dos Conflitos Armados na Crise Climática
Lula destacou que o conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para diminuir os gases do efeito estufa, além de provocar a reabertura de minas de carvão. Segundo ele, gastar com armas o dobro do valor destinado à ação climática é um caminho certo para o apocalipse climático. O presidente alertou ainda que não haverá segurança energética enquanto persistirem os conflitos globais.
Desafios da Transição energética
Apesar dos avanços na mudança da matriz energética mundial, Lula ressaltou que milhões ainda vivem sem acesso adequado à energia. Ele citou dados preocupantes: cerca de 2 bilhões de pessoas não têm combustíveis adequados para cozinhar, enquanto 660 milhões dependem de lamparinas ou geradores a diesel nas periferias urbanas e áreas rurais da América Latina e África. Além disso, 200 milhões de crianças frequentam escolas sem eletricidade, comprometendo serviços essenciais como saúde, agricultura moderna e conectividade digital.
Críticas ao Sistema Financeiro Internacional e Setor petrolífero
Durante seu discurso diante dos líderes presentes no encontro em Belém, Lula criticou duramente o sistema financeiro global por continuar financiando combustíveis fósseis. Ele lembrou que no ano passado os maiores bancos comprometeram-se com US$ 869 bilhões para petróleo e gás. Desde o Acordo de Paris até hoje, essa fonte ainda representa cerca de 80% da matriz energética mundial – uma redução tímida frente aos desafios ambientais atuais.
Propostas para Justiça Climática
O presidente anunciou medidas voltadas à correção das desigualdades estruturais relacionadas ao clima. Entre elas está a criação no Brasil de um fundo destinado a direcionar parte dos lucros obtidos pelo setor petrolífero para investimentos em energia renovável. Lula defendeu também mecanismos inovadores como troca de dívidas por financiamento climático voltado aos países do Sul Global.
Compromissos Globais até 2030
Encerrando seu discurso na Cúpula do Clima em Belém, Lula fez um apelo pela implementação efetiva dos acordos firmados na COP28 realizada em Dubai – cujo objetivo é triplicar as fontes renováveis e dobrar a eficiência energética até 2030.Ele pediu ainda que os países incluam nos seus planos climáticos nacionais ações concretas contra a pobreza energética.
“Os cientistas já cumpriram seu papel”, disse Lula ao destacar que agora cabe aos negociadores buscar entendimento político eficaz para evitar uma catástrofe ambiental neste século ou promover uma reconstrução inteligente rumo ao futuro sustentável.
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