O presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Carlos Freire Moreira, anunciou que no segundo semestre de 2025 será realizada a licitação para contratar a empresa responsável pela construção do segundo módulo da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio, localizada na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) em resende, Rio de Janeiro. Denominada Usina comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU), essa instalação utiliza tecnologia nacional desenvolvida pela Marinha do Brasil em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). A expectativa é que as primeiras cascatas dessa nova fase comecem a operar em 2028.
Expansão da Usina e Produção das Ultracentrífugas
O projeto básico para a infraestrutura da segunda etapa da usina deve ser concluído entre um ano e meio e dois anos. Segundo Moreira, as primeiras das 30 novas cascatas de ultracentrífugas começarão a produzir urânio enriquecido já em 2028.Ele destaca que “à medida que vão sendo incorporadas, as ultracentrífugas entram imediatamente em operação”. A construção e instalação desses equipamentos são responsabilidade da Marinha do Brasil, mas o presidente da INB pretende colaborar na fabricação industrial dessas máquinas para aumentar sua produção.
participação conjunta na fabricação
Moreira explica que enquanto a Marinha mantém o foco no desenvolvimento tecnológico das ultracentrífugas por meio do setor de pesquisa e desenvolvimento (P&D), a INB atuará na ampliação da produção industrial conforme os equipamentos forem sendo fabricados.
Caminho para Autossuficiência no Enriquecimento
A primeira fase da usina foi finalizada no fim de 2022, contando atualmente com dez cascatas operacionais destinadas ao enriquecimento isotópico do urânio.Esse material é transformado em combustível nuclear pela INB e enviado à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, localizada em Angra dos Reis (RJ), suprindo cerca de 70% das necessidades da usina angra 1. Desde sua inauguração inicial em 2006, essa tecnologia colocou o Brasil entre os poucos países detentores desse conhecimento estratégico.
Projeções futuras
Com as novas trinta cascatas somando-se às dez existentes, espera-se alcançar autossuficiência total entre os anos de 2033 e 2035 para abastecer Angra 1 e Angra 2. Até aproximadamente 2039, quando todas as quarenta cascatas estiverem operando plenamente, será possível atender também à demanda prevista para Angra 3 – além disso haverá potencial para exportação dos excedentes.
Potencial Mineral Brasileiro: Minas Gerais ao Ceará
Carlos Freire Moreira destacou ainda planos ambiciosos relacionados à mineração nacional. A mina situada em Caetité (Bahia) retomou suas atividades recentemente após seis anos paralisada; atualmente produz cerca de 350 toneladas anuais mas pode dobrar esse volume graças à exploração promissora identificada por meio das chamadas anomalias geológicas – áreas ricas em urânio – elevando eficiência atual inferior a 60% para mais de85%,podendo chegar até 700 toneladas anuais.
Consórcio Santa Quitéria: novo polo mineral
Em parceria com a Galvani Fertilizantes foi criado o Consórcio Santa Quitéria visando explorar jazidas associadas contendo urânio e fosfato no município cearense homônimo. O investimento privado previsto ultrapassa R$ 2 bilhões com geração estimada direta ou indireta superior a cinco mil empregos. O empreendimento está sob processo licenciatório com previsão operacional já para 2026, abrindo caminho ao Brasil como exportador mundial desse minério estratégico.
Considerações finais sobre o ciclo produtivo nuclear brasileiro
A INB atua integralmente dentro do chamado “ciclo do combustível nuclear”, abrangendo desde mineração até beneficiamento mineral; passando pelo enriquecimento isotópico; fabricação dos pós metálicos; confecção das pastilhas até entrega final dos combustíveis às usinas nucleares brasileiras sob gestão pública vinculada à Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar).
Esse avanço tecnológico reforça não apenas soberania energética nacional como também posiciona o país estrategicamente frente aos principais detentores globais dessa tecnologia complexa – considerando ainda suas reservas minerais significativas reconhecidas internacionalmente.
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