Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, a cerca de 300 quilômetros de manaus, o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) implementou sistemas fotovoltaicos off grid em comunidades locais. A iniciativa visa substituir o uso de geradores a diesel, reduzindo custos e impactos ambientais, além de fortalecer cadeias produtivas sustentáveis. Os resultados foram apresentados em outubro durante um seminário em Brasília, destacando avanços significativos no acesso à energia renovável para famílias ribeirinhas.
Implantação dos sistemas fotovoltaicos na RDS Uatumã
A região da RDS Uatumã foi criada como compensação pelos impactos causados pela Hidrelétrica de Balbina. Apesar disso, as comunidades ainda enfrentam dificuldades no fornecimento regular de energia elétrica e dependem majoritariamente do diesel para gerar eletricidade por meio de geradores.
Para transformar essa realidade, o Idesam instalou painéis solares em empreendimentos comunitários como a movelaria familiar ILC Cavalcante.Essa marcenaria utiliza madeira proveniente do manejo florestal sustentável para produzir móveis e objetos decorativos.Com a adoção da energia solar, houve uma redução significativa nas emissões poluentes e nos custos operacionais dessas atividades.
Benefícios econômicos e ambientais
segundo Marcus Biazatti, líder da área de Produção Sustentável do Idesam, o custo elevado do diesel – que pode chegar a aproximadamente nove reais por litro – impacta diretamente os gastos das famílias produtoras. Com os sistemas fotovoltaicos instalados na movelaria e na usina local de óleos vegetais houve uma queda total no consumo desse combustível fóssil.
“Registramos redução entre 50% e 70% nos custos produtivos com a eliminação completa do uso do diesel nesses empreendimentos”, explica Biazatti. Além disso, destaca-se também a diminuição da pegada ambiental devido à substituição dos combustíveis fósseis pela energia limpa.
Impactos sociais nas comunidades locais
Elizângela Cavalcante é liderança comunitária no Caribi e gestora junto ao esposo Gracilazo Miranda da marcenaria ILC-Uatumã. Ela relata que antes dependiam fortemente das vendas para custear as despesas com óleo diesel usadas nos geradores elétricos.
“Gastávamos cerca de sete mil reais mensais só com combustível para manter as máquinas funcionando”, conta Elizângela. “Hoje ainda temos alguns gastos relacionados à manutenção dos equipamentos solares, mas são muito menores.”
Melhoria nas condições laborais
Gracilazo lembra que empacotar produtos após às 18 horas implicava custos extras pelo funcionamento contínuo dos geradores antigos. Outro ponto positivo foi a redução considerável do ruído causado pelos motores próximos ao local onde trabalham.
“O barulho constante dificultava até nossa comunicação dentro da oficina”, comenta ele. “Com as placas solares ficou mais silencioso e saudável trabalhar.”
Reconhecimento nacional dos resultados
Os avanços obtidos pela movelaria foram apresentados durante o seminário “Usos Produtivos de Energia em territórios Off Grid” realizado em Brasília no início outubro deste ano. O evento contou com apoio do WWF-Brasil junto ao Ministério das Minas e Energia (MME), ICMBio e outras instituições ligadas à universalização energética.
O Idesam expôs dois casos emblemáticos: um empreendimento reduziu seu consumo semanal médio diário desde 50 litros até zero litros; outro substituiu cerca 200 litros semanais por energia solar – resultando numa economia aproximada entre 50% a 70% nos custos produtivos dessas famílias beneficiadas pelos investimentos totais superiores aos R$ 490 mil somados entre ambos projetos.
A iniciativa demonstra como tecnologias renováveis podem promover desenvolvimento sustentável aliado à preservação ambiental na Amazônia rural enquanto melhoram qualidade vida das populações tradicionais envolvidas nessas cadeias produtivas locais.
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