quinta-feira, outubro 23, 2025
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Comunicação Xamânica: Um Novo Caminho para a Conexão com a Natureza

Dois professores da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Vitor Blotta e Thaís Brianezi, propuseram uma nova abordagem para a comunicação que vai além do aspecto humano, incluindo também a dimensão ambiental. Apresentada na Conferência da Sociedade Sul-Africana de Teoria Crítica,essa proposta defende uma “comunicação xamânica”,inspirada em saberes ameríndios,como caminho para fortalecer os direitos humanos e ambientais. A ideia central é transformar a forma como nos relacionamos com o meio ambiente por meio de uma comunicação baseada na escuta, empatia e respeito à natureza.

Comunicação xamânica: um novo olhar sobre o diálogo com a natureza

A proposta dos pesquisadores rompe com o modelo tradicional baseado na razão instrumental que busca controlar a natureza. Em vez disso, eles sugerem uma comunicação que permita sentir, aprender e promover transformações profundas nas relações entre humanos e ambiente. Inspirados em conceitos ameríndios como o bem-viver e o perspectivismo, Blotta e brianezi destacam que elementos naturais – rios, florestas e animais – devem ser reconhecidos como sujeitos dotados de voz própria.

A comunicação xamânica tem suas raízes no processo de iniciação dos pajés Yanomami, que aprendem a dialogar com os espíritos da floresta. Essa prática simboliza um espaço sem hierarquias fixas onde prevalecem escuta ativa, empatia genuína e transformação mútua.

Sumaúúuma: jornalismo comprometido com o território

No artigo apresentado pelos autores há análise do trabalho da jornalista Eliane Brum à frente da agência Sumaúúuma em Altamira (PA). A iniciativa vai além das denúncias tradicionais ao abordar crimes ambientais sob uma perspectiva comprometida com os direitos dos povos originários. reportagens sobre temas delicados – como os estupros contra mulheres Yanomami ou histórias em quadrinhos sobre animais ameaçados – exemplificam essa forma inovadora de comunicar.

Nessa abordagem, a floresta deixa de ser apenas “objeto” para se tornar sujeito ativo no processo comunicativo. Segundo Blotta e Brianezi, trata-se de “uma comunicação que escuta para transformar”, não para explorar ou dominar.

Educação colaborativa nas escolas públicas

Outro exemplo destacado é o Projeto observatório de Direitos Humanos nas Escolas (PODHE), desenvolvido pela USP em instituições públicas. Por meio de oficinas colaborativas focadas em temas como gênero, racismo e democracia – sempre partindo das experiências dos próprios alunos – cria-se um ambiente aberto ao diálogo.

Em vez da imposição autoritária do conhecimento tradicionalmente vigente nas escolas convencionais, educadores promovem espaços onde prevalece a escuta ativa. Um caso citado mostra resolução pacífica entre estudantes por meio do diálogo aberto durante as atividades propostas pelo projeto.

Por uma comunicação ética voltada à vida

Blotta define a comunicação xamânica como aquela capaz de permitir “que a voz do outro nos atravesse”. Mais do que teoria acadêmica isolada, essa visão representa um convite urgente para repensar as bases das relações humanas diante das crises climáticas atuais marcadas pela desinformação crescente.

Essa proposta ressoa especialmente no contexto amazônico – região estratégica tanto ambiental quanto culturalmente – reforçando seu papel fundamental no debate global sobre sustentabilidade social e ecológica.

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