sábado, outubro 18, 2025
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Notícias do Amazonas – Povo Rikbaktsa resiste e preserva sua cultura indígena

A luta pela preservação da cultura do povo Rikbaktsa é destacada pelo cacique Ademir Rikbakta, da aldeia Beira Rio, na Terra Indígena erikpatsa, no noroeste do Mato Grosso. Em visita realizada nos dias 8 e 9 de abril, a equipe da agência Brasil conheceu de perto os desafios enfrentados por essa comunidade indígena, que resiste à pressão do avanço das lavouras e à perda de recursos naturais. A importância da transmissão cultural, o impacto das disputas territoriais e o esforço para manter viva a língua e os costumes são temas centrais dessa reportagem.

A cultura como base da identidade Rikbaktsa

O cacique Ademir Rikbakta reforça que a cultura é o que mantém o povo unido.”A gente conversa muito com a comunidade. Aprendi assim com meu pai.A gente conversa muito na língua. Temos dança tradicional e a chicha é nossa bebida. Nunca vamos deixar de fazer cultura. Hoje, estou com meu povo lutando”, afirma. para ele, a preservação dos ensinamentos transmitidos pelos anciãos é fundamental para as novas gerações.

A resistência cultural e os clãs Rikbaktsa

Os Rikbaktsa estão organizados em clãs,como o Makwaraktsa (arara amarela) e o Hazobiktsa (arara cabeçuda vermelha),cada um com suas pinturas corporais específicas. Essa diversidade cultural foi apresentada à equipe da Agência Brasil por meio de artesanato, dança e música durante a visita. A esposa do cacique, Angélica Zokdo, destaca seu papel na transmissão desses saberes: “Eu, como mãe, sempre falo: vocês têm que aprender a fazer. Estamos ensinando as crianças que estão chegando para que elas possam mostrar nossa cultura no futuro”.

Desafios ambientais e impactos das lavouras

A Terra Indígena Erikpatsa está cercada por fazendas de soja, milho e criação de gado. Esse cenário tem provocado uma redução significativa na caça e na pesca tradicionais da comunidade. O cacique Francisco Rikbaktsa, da aldeia Pé De Mutum (TI Japuíra), chama atenção para a diminuição dos recursos naturais: “A gente era grande e tinha fartura de peixe e carne de animais. Hoje estamos cercados pela lavoura; há contaminação da água por agrotóxicos”. Ele ressalta ainda que os indígenas também sofrem com essas mudanças.

Distância crescente para encontrar alimentos tradicionais

Na aldeia Barranco Vermelho (TI Erikpatsa), Lauro Ruwai Rikbakta relata a dificuldade crescente em encontrar caça próxima às aldeias: “Antes encontrávamos animais com uma caminhada de um quilômetro; agora é preciso andar cerca de 15 km ou até 60 km para alguns”. Além disso,ele explica que o avanço do plantio afasta os animais do território tradicional.

Educação indígena como ferramenta de fortalecimento cultural

Para garantir o interesse dos jovens pelas tradições rikbaktsa, escolas locais incorporam aulas semanais sobre língua materna, danças e costumes indígenas. O professor Givanildo Bismy destaca a importância desse ensino: “É transformar para que as crianças conheçam suas histórias; assim começam a ser protagonistas da própria história”.

Dificuldades no ensino da língua materna

Apesar dos esforços educacionais, há desafios significativos devido à escassez de materiais didáticos específicos produzidos pelo próprio povo rikbaktsa. Segundo Gesilene Aikdopa, professora local: “Recebemos materiais externos que nem sempre atendem às nossas necessidades culturais”. Além disso, muitos alunos não praticam o idioma em casa porque suas famílias falam predominantemente português.

Formação profissional com retorno à comunidade

O objetivo não é apenas manter os jovens nas aldeias mas prepará-los para defender sua cultura onde quer que estejam. Gesilene reforça essa visão ao afirmar que formam profissionais capazes de proteger seus direitos contra ameaças externas como madeireiros ou garimpeiros.

Rogerderson Natsitsabui exemplifica esse sonho ao buscar formação superior em direito para atuar pela defesa do povo rikbaktsa sem perder sua identidade indígena: “Algumas coisas podem mudar mas eu nunca deixarei de ser indígena”.

Conclusão

A luta pela preservação cultural dos Rikbaktsa envolve resistência territorial diante do avanço agrícola agressivo e esforços contínuos na educação das novas gerações sobre sua língua e tradições ancestrais. Como afirma o cacique Ademir Rikbakta: “A gente nunca irá deixar de ser indígena”, mostrando determinação em manter viva essa identidade mesmo frente aos desafios atuais.Acompanhe as atualizações da matéria e outras reportagens relevantes no Portal Notícias do Amazonas e fique sempre bem informado com as notícias de Manaus e região!

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