O Amazonas apresentou uma redução significativa no número de crianças e adolescentes entre 0 e 17 anos vivendo em situação de pobreza multidimensional, passando de 88,6% em 2019 para 78,7% em 2023. No Brasil,o índice caiu de 59,5% para 55,9% no mesmo período. esses dados fazem parte do estudo “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil – 2017 a 2023”, divulgado pelo UNICEF. A principal causa dessa melhora foi o aumento da renda das famílias brasileiras, impulsionado especialmente pela ampliação do programa Bolsa Família.
Redução da pobreza multidimensional no País
A diminuição da pobreza infantil em suas múltiplas dimensões ocorreu principalmente devido ao crescimento da renda familiar – beneficiada pela expansão do Bolsa Família – e à melhoria no acesso à informação. O levantamento utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) e avaliou sete dimensões essenciais: renda, educação, acesso à informação, água, saneamento, moradia e proteção contra o trabalho infantil.
No Amazonas, os dados referentes a 2023 indicam que:
- 11,2% das crianças estavam privadas de educação;
- 10,4% não tinham acesso adequado à informação;
- 4,8% estavam envolvidas com trabalho infantil;
- 26,4% viviam sem moradia adequada;
- 14,8% não tinham água adequada;
- 60,2% careciam de saneamento básico adequado;
- E cerca de 35% enfrentavam privação na dimensão renda.
Já no cenário nacional:
- Crianças privadas de educação somavam cerca de 7,7%;
- Privação ao acesso à informação atingia aproximadamente 3,5% delas;
- Trabalho infantil afetava cerca de 3,4% dos menores;
- Moradia inadequada era realidade para aproximadamente 11.2 %;
- Falta adequada d’água atingia cerca de 5.4%;
– Saneamento precário afetava quase 38%;
– E privação na renda estava presente em 19.1%.
Desigualdades raciais persistem
O estudo também destaca que a pobreza multidimensional é mais elevada entre crianças e adolescentes negros quando comparados aos brancos. enquanto o percentual entre os brancos é próximo a 45%,entre negros chega a quase dois terços (63%). Essa disparidade evidencia as desigualdades raciais existentes nas condições socioeconômicas do país.
Impactos positivos do bolsa Família
Segundo Liliana Chopitea – chefe das políticas Sociais do UNICEF Brasil – houve avanços importantes relacionados à redução da pobreza monetária infantil graças ao fortalecimento do Bolsa Família. O programa ampliou tanto o valor dos benefícios quanto o número total das famílias atendidas: enquanto em 2019 aproximadamente 750 mil crianças saíram da condição extrema pela ação direta desse benefício social; esse número saltou para quase quatro milhões em 2023.
Principais destaques nacionais
Renda
A dimensão relacionada à renda apresentou uma queda expressiva na privação: passou-se dos índices próximos a um quarto das crianças (25%) em situação vulnerável em relação à renda para menos que um quinto (19%) até este ano. Esse avanço está diretamente ligado às políticas públicas focadas na transferência direta de recursos às famílias mais pobres.
Educação
Apesar dos avanços gerais observados nas outras áreas sociais analisadas pelo estudo há desafios importantes ainda presentes na educação básica brasileira. Cerca de três em cada dez crianças com oito anos não estavam alfabetizadas até este ano – reflexo direto das dificuldades impostas pelo ensino remoto durante os anos críticos da pandemia nos primeiros anos escolares.
Rural x Urbano
As diferenças geográficas também são marcantes: enquanto as áreas urbanas apresentam tendência clara e constante na redução das privações sociais desde meados desta década; as zonas rurais continuam enfrentando níveis muito elevados dessas dificuldades – chegando perto dos índices totais superiores a noventa por cento nas múltiplas dimensões avaliadas como saneamento básico precário ou falta generalizada acesso aos serviços públicos essenciais.
Conclusão
Os dados apresentados reforçam que políticas públicas focadas no aumento real da renda familiar têm papel fundamental para reduzir significativamente as condições adversas enfrentadas por milhões infantojuvenis brasileiros – especialmente quando combinadas com ações integradas voltadas às demais dimensões sociais como saúde pública básica e educação inclusiva.
Para avançar ainda mais nesse caminho é essencial fortalecer programas como o Bolsa Família aliando-os a estratégias intersetoriais capazes garantir direitos plenos às nossas crianças.
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