domingo, outubro 12, 2025
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Notícias do Amazonas – 21% das mulheres enfrentam ameaças de morte por parceiros

No Brasil, duas em cada dez mulheres (21%) já foram ameaçadas de morte por parceiros atuais ou ex-parceiros românticos, e seis em cada dez conhecem alguém que passou por essa situação. Em Manaus, um homem enciumado tentou matar a companheira a facadas, evidenciando a gravidade da violência doméstica no país. Dados da pesquisa Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e pela Consulting do Brasil, mostram que as mulheres negras (pretas e pardas) são as mais afetadas por esses crimes.

perfil das vítimas e dados da pesquisa

A pesquisa revela que seis em cada dez mulheres ameaçadas romperam com o agressor após a intimidação,sendo essa decisão mais frequente entre mulheres negras do que entre brancas. Apesar de 44% das vítimas relatarem ter sentido muito medo, apenas 30% registraram queixa na polícia e 17% solicitaram medida protetiva, que impede o contato do agressor com a vítima. Esses números refletem uma percepção preocupante: duas em cada três mulheres acreditam que os agressores permanecem impunes, e apenas 20% acham que eles acabam presos.

Percepção sobre impunidade e feminicídio

Para 60% das brasileiras, a sensação de que os agressores não são punidos está relacionada ao aumento dos casos de feminicídio.Em um questionário online aplicado em outubro deste ano com 1.353 mulheres maiores de idade,42% concordaram que as mulheres ameaçadas de morte tendem a acreditar que as ameaças não serão cumpridas,subestimando o risco real de serem assassinadas.

Rede de atendimento e enfrentamento

Embora 80% das entrevistadas considerem que a rede de atendimento às mulheres é boa, elas avaliam que ela não consegue atender toda a demanda. A mesma proporção destaca as campanhas de estímulo às denúncias e o uso das redes sociais como ferramentas eficazes no combate à violência. No entanto, 80% também acreditam que nem a Justiça nem as autoridades policiais levam as ameaças e denúncias com a seriedade necessária. Além disso, 90% afirmam que os casos de feminicídio aumentaram nos últimos cinco anos.

O relato de Zilma Dias: duplo trauma e resistência

A diarista Zilma Dias viveu na pele o impacto da violência doméstica. Em 2011, perdeu uma sobrinha, Camila, assassinada pelo ex-companheiro, que a matou com 12 facadas diante da filha do casal. Camila,aos 17 anos,engravidou e tentava se afastar do agressor,mas,como muitas vítimas,não acreditava que as agressões chegariam ao extremo fatal. Ambas eram mulheres negras, grupo mais vulnerável segundo a pesquisa.

Isolamento e controle

Zilma conta que o agressor de sua sobrinha chegou a trancá-la em casa,isolando-a da família e amigos,uma tática comum para deixar as mulheres sem apoio. “Ela dizia que ele era mosca morta”, relembra, mostrando que Camila não percebia o real perigo.

Violência e cárcere privado

Zilma também sofreu violência por parte de um companheiro anterior, que não chegou a matá-la, mas assassinou sua companheira seguinte. Durante seis anos, ela viveu em cárcere privado, proibida de ver os pais, trabalhar e até de fazer exames pré-natais.Sofreu agressões físicas e psicológicas, sem poder recorrer à polícia ou à família por medo. “Quase todos os dias, ficava machucada. grávida, apanhava”, relata.

Ciclo de violência e superação

Mesmo com os pedidos de perdão e promessas de mudança,Zilma enfrentou o ciclo de violência,caracterizado pela alternância entre agressões e reconciliações. A gota d’água foi uma agressão após o companheiro aparecer com uma amante. Ela decidiu sair de casa, enfrentando ameaças e tentativas de minar sua autoestima, mas conseguiu criar sozinha sua filha.

Em 2014, outra tragédia atingiu sua família: o ex-companheiro de Zilma matou e esquartejou sua parceira, sendo condenado a 25 anos de prisão.

Como buscar ajuda e informações

Para quem enfrenta situações de violência, existem canais de apoio como o telefone 180, dedicado ao atendimento de vítimas de violência doméstica, além das delegacias especializadas e da Casa da Mulher Brasileira, que possui unidades em diversas cidades, incluindo Campo Grande, Fortaleza, Ceilândia, Curitiba, São Luís, Boa vista, São Paulo, Salvador, Teresina e Ananindeua.

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